Marina – por Montserrat Martins

Marina Silva

Se as eleições fossem hoje, duas mulheres disputariam o segundo turno e com um leve favoritismo para Marina, dizem as pesquisas. Quem é essa mulher convidada para dar palestras no mundo inteiro sobre as questões ambientais e que se mantém na memória da população mesmo sem mandato político há cinco anos?


Marina Silva
Marina Silva

A resposta mais séria para essa pergunta está no livro História do Brasil, de Bóris Fausto, professor da USP, que dedica um capítulo para as polêmicas ocorridas ainda no governo Lula entre suas ministras Dilma e Marina, representando duas concepções de desenvolvimento, com menores ou maiores preocupações com a sustentabilidade. O autor também dedicou outro capítulo para projetar essas tendências para o futuro, como um dos principais dilemas políticos a serem enfrentados pelo país e pelo mundo no século XXI.

As pesquisas indicam também que os eleitores de Marina estão entre as camadas mais jovens e com maior grau de escolaridade, ou seja, dois segmentos da população que mais se preocupam com essas questões. Mas surgindo ela, agora, como uma das favoritas para vencer as eleições, seus adversários vão tentar colar nela alguns rótulos para gerar desconfiança entre os eleitores: radical, anti-desenvolvimentista, não-gestora, evangélica, anti-agronegócio, etc.

Uma das principais qualidades políticas de Marina, para os que a conhecem ou os que observam as suas falas públicas, é não se valer de artifícios tais como distorcer as posições dos adversários, com finalidades eleitoreiras. Diverge das políticas de privatizações de Aécio, mas não o ataca como pessoa. Diverge do modelo desenvolvimentista de Dilma por entender que a sustentabilidade tem de ser fundamental nesse modelo, mas não nega os avanços na inclusão social dos últimos governos, a importância da estabilidade econômica e do nível de emprego.

Governar um país do tamanho do Brasil requer imensas responsabilidades e não é tarefa para aventureiros, coisa que Marina não é mas que querem lhe impingir – ora sutilmente, ora frontalmente, numa combinação de táticas de desqualificação. A maior prova de seu espírito conciliatório e agregador está nos seus mais recentes movimentos políticos quando, frustrado o registro do partido Rede Sustentabilidade no TSE, aliou-se a Eduardo Campos e se colocou a disposição para ser sua vice, fazendo campanha conjunta a partir de um Programa de Governo comum que uniu uma coligação de partidos criando um novo campo politico independente dos dois blocos tradicionais, petistas e tucanos.

Nos dias decisivos que se seguiram ao não registro da Rede no TSE, vários partidos pequenos se ofereceram para adotar o nome Rede e inclusive os seus estatutos, viabilizando a candidatura Marina Presidente com as condições que ela desejasse. Ela evitou esse caminho fácil, messiânico, de ser candidata por alguma sigla ainda sem representatividade política, evidenciando seu desapego da condição de candidata a presidente (do que alguns já lhe acusavam), mesmo depois dos quase 20 milhões de votos em 2010. Preferiu apoiar e construir um projeto político mais consistente com alguém que merecia a sua confiança – e que veio a corresponder a esta, fazendo uma campanha conjunta e compartilhada até sua morte inesperada.

Eduardo conquistou a confiança da Rede e Marina a do PSB. Agora candidata, merece todo respeito, tanto quanto você caso preferir a Dilma, o Aécio, a Luciana Genro, o Pastor Everaldo, o Eduardo Jorge ou quem mais merecer a sua confiança.

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