O Puxa-Encolhe do FIES – por Garcia Neto

Professor Garcia Neto

É lamentável o desprezo que o governo federal tem pela educação, mantendo o Brasil entre os piores exemplos do mundo. A recente luta do estudante para ingressar no ensino superior parece que acabou para este período acadêmico, depois que o Ministério da Educação (MEC) alegou que não tem dinheiro para financiar a graduação de cerca de 180 mil estudantes através de contrato com o Fundo de Investimento Estudantil (Fies). Estão fora das salas de aula ou terão que sacrificar o próprio bolso ou o estômago.


Na terça-feira (12), o presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), desembargador Cândido Ribeiro, derrubou decisão liminar (provisória) da Justiça Federal do Mato Grosso que obrigava o MEC a prorrogar, por tempo indeterminado, as inscrições para novos contratos do Fies. Diante do impasse só resta, como alternativa, convocar as principais empreiteiras do país que financiam bilhões em campanhas políticas, para assegurar o custeio de R$ 7,2 bilhões que o governo diz não ter em caixa, evitando que novos manifestos voltem a preencher um vazio de ação política.
A presidente Dilma parece ter se equivocado quando reafirmou à Nação o tema “Brasil, Pátria Educadora”, para o segundo mandato, sem apresentar perspectivas de responsabilidade, respeito, e, sobretudo, coragem para enfrentar o desafio que ela mesma aceitou, repassando ao Brasil a idéia de mais uma promessa vaga. A chamada por si só é forte, e exige, entre outras, compilações de metas para reduzir a desigualdade no acesso ao ensino e garantir o acesso à escola e à faculdade, bem como a formação e capacitação de professores.
Certamente que o povo não vai querer ir às ruas para encurralar o marqueteiro da presidente, João Santana, dono da proposta do tema que pressupõe resgatar um certo patriotismo e demanda por educação, considerando que o termo “pátria” evoca qualquer forma de nacionalismo tosco, grosseiro, comumente usado em regimes autoritários, para promover o sentimento de amor à terra pátria. Nada disso, se o governo abre as torneiras para abastecer empreiteiras dispostas a disponibilizar bilhões de reais para alimentar a corrupção, por que não contribuir com a educação no país onde a presidente diz ser “pátria educadora”?

 

*Garcia Neto é professor e jornalista.

Artigo anteriorPolícia confirma morte de universitária envolvida em triângulo amoroso
Próximo artigoSemana de Enfermagem da UEA terá palestra da presidente do CNS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui