Os Amazonenses sabem como fazer (03) – por Valdemir Santana

Valdemir Santana - foto: Joab Ribeiro

Com projetos e ações de beneficiamento da copaíba, do guaraná, da andiroba, do cupuaçu, das plantas medicinais, da pesquisa avançada sobre os fitoterápicos, cosméticos, os amazonenses sabem como fazer, sabem como plantar, sabem colher sem afetar o meio ambiente.


Falta a eles, no entanto, a atenção do órgão regulador, financiador: a Suframa, que não investe no desenvolvimento de tecnologias para atender a população de 61 municípios do interior e de outros estados da Região Norte do Brasil.

Sem identidade regional, controlada por sulistas, dominada por políticos avulsos e eleita como cabide de empregos de ilustres senhores desempregados e sem mandato, a Suframa se perde num rio caudaloso de inoperância e falta de efetividade.

Se observarmos, mesmo que seja superficialmente, percebemos que não se desenvolve nada a partir das decisões tomadas nas atuais administrações da Suframa. É sempre a mesma ladainha. Cada reunião do Conselho de Administração da Suframa (CAS), a repetição de todas as outras.

Incentivo e sinalização dos rios

O Amazonas precisa operar o setor naval, dar incentivo a ele, da mesma forma como o presidente Lula incentivou o setor automobilístico, com a redução nos valores de carros populares, caminhões e ônibus. O Amazonas precisa que os barcos, que as ‘rabetas’, os motores de popa, e Jet Sky, também sejam incentivados.

A proposta dos trabalhadores do setor metalúrgicos, naval, rural e de serviços é que os rios do Amazonas sejam sinalizados, para compensar a intransponível dificuldade ambiental que se criou em torno da repavimentação da BR 319, pelo governo federal.

Veneza

Precisamos de barcos velozes. É isso que queremos para o Amazonas, para a Amazônia. Devemos seguir o exemplo de Veneza na Itália, que utiliza os rios e canais que cortam a cidade como polo turístico e de geração de riquezas. Nós temos mais água no Amazonas do que qualquer país do planeta e não usamos isso em nosso favor.

Indígenas e caboclos

Os indígenas, os caboclos do Amazonas não usam estradas, mas os rios para escoar a sua produção e locomoção. A nossa proposta é que os estaleiros fabriquem barcos de alumínio, incentivados para atender os caboclos e favorecer o escoamento da produção de várzea.

É preciso desenvolver o interior sem prejudicar a natureza, sem destruir a biodiversidade da Amazônia.

Os amazonenses sabem como fazer isso a séculos. Não precisa vir gente do Sul/Sudeste do País para nos ensinar o que os nossos tataravós aprenderam com os seus antepassados.

Todo tipo de ajuda é boa, mas existem prioridades, e nem toda ela é necessária para as comunidades ribeirinhas do interior do Estado.

Nós temos o conhecimento da Região Amazônica na palma da nossa mão.

Valdemir Santana é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, da CUT-Amazonas e do Diretório Municipal do PT-Manaus.

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