Pichelingues – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Não se assustem caros e caras leitoras, hoje estou para esculhambar, em termos de oração. Não aguento mais essa corja de corruptos que tiram dinheiro até de quem está morrendo. Então malditos sejais, ó mentirosos, negadores, defraudadores, vigaristas, trampistas, intrujões, chupistas, tartufos e embusteiros! Que a pandemia vos cubra de feridas pútridas, que vossas línguas mentirosas sequem e que água alguma vos dessedente, que vossas mentiras, patranhas, marandubas, fraudes, lérias e aldravices se transformem em cobras peçonhentas que se enrosquem em vossos pescoços, que entrem por vossos rabos, rabiotes e fundilhos e lá depositem venenosos ovos que vos depauperem em diarreias torrenciais e devastadoras.


Que vossas línguas se atrofiem em asquerosos sapos e bichos pustulentos que vos impedirão de beijar vossas amantes, prostitutas, barregãs e micheteiras que vos recebem nos lupanares de Brasília, nos prostíbulos mentais onde viveis, refocilando-se nas delícias da roubalheira. Malditos sejais, ladrões, gatunos, pichelingues, unhantes, ratoneiros, trabuqueiros dos dinheiros públicos, dos quais agadanhais, expropriais mais da metade de todos os orçamentos, deixando viadutos no ar, pontes no nada, esgotos a céu aberto e crianças mortas de fome, mortas de tudo.

Que a maldição de todas as pragas do Egito e do Deuteronômio vos impeça de comer os frutos de vossas fazendas escravistas, que não possais degustar o pão de vossos fornos, nem o milho de vossos campos, e que vossas amantes vos traiam e contaminem com as mais escabrosas doenças e repugnantes furúnculos! Malditos sejais, homúnculos dedicados a se infiltrar nas brechas, nas barbas do Estado para malversar, rapinar, larapiar desde pequenas gorjetas embolsadas como a do Marinho, naquele gesto eternizado na TV, até essa doença nacional chamada Brasília, onde vos enquistais há quarenta anos, no revezamento sinistro de negociarrões com empresas fantasmas em terrenos baldios, até a rapinagem de todas os mínimos picuás dos miseráveis.

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Consultor.

Malditas sejam as caras-de-pau dos ladravazes, com seus ascorosos sorrisos, imunda honradez ostentada, gélido cinismo, baseado na crapulosa legislação que os protege há quatro séculos, por compradiços juízes, repulsivos desembargadores, fariseus que vendilham sentenças por interesses políticos, ocultados por intrincados circunlóquios jurídicos, solenes lero-leros para compadrios e favores aos poderosos! Que vossas togas se virem em abutres famintos que vos devorem o fígado, acelerando vossas mortes que virão por vossa ridícula sisudez esclerosada com que justificais liminares e chicanas que liberam criminosos ricos e apodrecem pobres pretos na boca-do-boi de nossas prisões! Malditos sejais, burocratas, sicofantas, enfiados na máquina pública, emperrando-a e sugando migalhas do Estado com voracidade e gula! Tomara que sejais devorados pelos carunchos que rastejam nos processos empoeirados da burocracia que impede o país de andar! Que a poeira dos arquivos mortos vos sufoque e envenene como o trigo roxo dos ratos! Malditas sejam também as “consciências virginais”, as mentes “puras”; malditos os alienados e covardes, malditos os limpos, os não-culpados, os indiferentes, que se acham superiores aos que sofrem e pecam; malditos intelectuais silenciosos que ficam agarrados em seus dogmas, que se “escandalizam” com os horrores, mas nada fazem.

Maldita seja também a indiferença narcisista de Bolsonaro, déspota que vive da herança bendita que recebeu como Presidente, e não mete a cara para mudar a legislação das licitações, das concorrências públicas, criando métodos de transparência legal à vista da população, pois ele não quer fazer nem reformas nem marola e perder seu sossego. Que gordas sanguessugas e carrapatos carcomam seus bonés, barretes, toucas e infectem sua barriga furada estadista deslumbrado.

Só nos resta isso: maldizer. Portanto: que a pandemia vos devore a alma, políticos canalhas, que vossos cabelos com brilhantina vos cubram de uma gosma repulsiva, que vossas gravatas bregas vos enforquem, que os arcanjos vingadores vos exterminem para sempre.

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