A politização do problema ambiental da BR-319(Por George Dantas)

Articulista George Dantas/AM
Articulista George Dantas/AM
Articulista George Dantas/AM

A  questão do BR319 é realmente complexa e instigante, a demonização da Marina Silva como responsável pela não liberação da recuperação da estrada faz parte de uma orquestração de culpabilidade pela incapacidade de outros.

Senão vejamos, independente do viés político partidário, a lei exige que os empreendimentos sejam submetidos a órgãos técnicos do governo para obtenção de licenças, onde os impactos ambientais, sociais e econômicos sejam avaliados para a tomada de decisão, dessa forma, a eventual recusa na liberação de uma licença não depende de uma só pessoa, e sim de uma câmara técnica que analisa e dá um parecer, favorável ou não.


Marina Silva disse no passado e reafirmou ontem (22) aqui em Manaus que: “até agora, onde se sabe o empreendedor (o próprio governo federal) não conseguiu apresentar  as evidencias necessárias das viabilidades exigidas para a aprovação e liberação da licença”.

Existem casos em que, mesmo com a apresentação dos estudos necessários que evidenciem as viabilidades econômica, social e ambiental, ainda assim, a licença é liberada, porém com algumas condicionantes que venham a mitigar eventuais impactos aos três vetores observados. Isso é o que exige a Lei brasileira em vigor para a proteção socioambiental.

Dito isso, vamos mostrar a seguir como essa discussão é desfocada propositalmente para ludibriar os brios dos amazonenses que dizem sofrem com a falta de uma ligação terrestre para o resto do Brasil.

Marina Silva deixou o Ministério do Meio Ambiente há mais de 7 anos  não tendo mais nenhum remanescente da sua equipe de trabalho original daquele primeiro mandato do Lula e mesmo assim ainda a culpam por esse atraso na liberação dessa licença.

Ocorre que os seus sucessores, após o naufrágio do Plano Amazônia Sustentável, se perderam na condução da política ambiental brasileira, anteriormente, exemplo para os demais países megadiversos, e a atual Presidente da República, embora tenha feito várias promessas aos amazonenses que lhe deram a maior votação na ultima eleição, ela mesma, a Dilma, ainda não conseguiu, com toda sua força politica, com toda sua base política de sustentação fazer “acontecer” a liberação da tal licença para a BR319.

Um aliado histórico da Dilma e do PT, o ex-ministro Alfredo Nascimento passou quase uma década como ministro dos transportes e também não conseguiu a tão esperada liberação da licença da BR-319. De quem é a culpa? Da Marina? Claro que não.

Outro aliado histórico do Lula, da Dilma e do PT, o ex-governador e atual líder do governo do Senado Federal Eduardo Braga tampouco teve sucesso nessa empreitada. De quem é a culpa? Da Marina? Claro que não.

Será que essa fraqueza de líderes dessa estirpe é tudo culpa da Marina Silva? É claro que não, essa bandeira da BR-319 é politizada para que persista a cada eleição e que esse tema volte, para ser objeto de novas promessas de governantes, os quais não assumem a real natureza dessa problemática ambiental. Por outro lado, os amazonenses eleitores, tem uma visão míope do problema e passam a atacar a Marina Silva, como óbice a liberação da licença, quando na realidade, esses mesmos amazonenses eleitores deveriam apresentar essa fatura para o Ex-Presidente Lula, para a atual Presidente Dilma, para o Líder do Governo no Senado Eduardo Braga, para a senadora Vanessa Grazziotin (amiga de longa data da Presidente Dilma), para o Senador Alfredo Nascimento, para o ex-senador João Pedro, tão intimamente ligado ao PT que governa esse Brasil há longos 12 anos. Esses sim, os verdadeiros responsáveis pela não liberação da licença da BR-319 por não lutarem de frente com o problema, por demonstrarem que não são assim tão “poderosos” ou “íntimos” do poder como demonstram em suas propagandas partidárias.

É chegada a hora de combater as mentiras, as ilações, a falta de propósito nessa discussão e chamar a todos para a real necessidade de discutir essa questão sem a partidarização de um lado que sempre está errado, nós ambientalistas, e de outros, os aproveitadores da inocência do povo, que é visto apenas como  massa de manobra politica, politizando uma discussão que deveria ser técnica, uma discussão que deveria estar embutida numa politica ambiental de Estado e não de governo, esse mesmo governo que não vai assinar o acordo mundial de proteção as florestas, um governo onde a politica ambiental de proteção a Floresta Amazônica foi jogada no ralo, resultando num aumento recorde na taxa de desmatamento.

Vejo muitos brigando pela BR-319 e quase ninguém brigando pela proteção da nossa Amazônia, não podemos ser assim tão excludentes,  é hora é de sermos inclusivos, trabalhar os vetores socioambientais em mesmo grau de importância do vetor econômico, somente assim, valerá a pena lutar, tanto pela BR como pela redução do desmatamento da Floresta Amazônica.(George Dantas)

Artigo anteriorPesquisas que alegram e “enraivecem” candidatos majoritários
Próximo artigoA Caravana do PROS-90 volta hoje (24), ao bairro Mutirão na Zona Leste

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui