Primeira voadeira elétrica da região Amazônica faz viagem inaugural no Xingu

Foto: Divulgação / Norte Energia

O transporte de passageiros por meio de embarcação movida a energia elétrica se tornou realidade no Rio Xingu. A viagem inaugural da primeira voadeira elétrica da região Amazônica aconteceu nesta quinta-feira (9) em Altamira, no Pará, e coroou com êxito um projeto inovador iniciado em 2022 pela Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, com a Universidade Federal do Pará (UFPA). O objetivo é contribuir para a descarbonização do Xingu, a partir do desenvolvimento de baterias nacionais para propulsão elétrica, e substituir combustíveis fósseis, como gasolina e óleo diesel, por fonte de energia limpa.


A voadeira é um transporte comum e usado há décadas para deslocamentos de famílias e pescadores na região Amazônica. Com o protótipo construído pela companhia, a intenção é deixar a tecnologia como legado para que, num futuro não tão distante, as voadeiras elétricas sejam uma realidade acessível para a população do Xingu. As embarcações da Norte Energia, batizadas Poraquê I e II, em alusão ao peixe elétrico, têm sua versão desenvolvida por especialista em engenharia Naval da UFPA com a área de Sustentabilidade da empresa.

Foto: Divulgação / Norte Energia

São dois barcos – de oito metros de comprimento e capacidade para transportar até seis pessoas e de 10 metros para conduzir até oito pessoas – com velocidade média de 27 km/h e autonomia para percorrer, por exemplo, os 40 km que separam Altamira da Usina Pimental, que integra o Complexo Belo Monte. O protótipo Poraquê I está pronto para ser usado em atividades internas da empresa, contribuindo para a redução de emissões de gases de efeito estufa. Com a iniciativa, ao final de um mês, a estimativa é que tenham deixado de ser consumidos cerca de 1.400 litros de combustíveis fósseis. O protótipo Poraquê II ainda está em fase final de testes do motor.

“Estamos satisfeitos de ver, na prática, o resultado de um projeto inovador para a região Amazônica a partir de uma fonte limpa e renovável, assim como é a energia produzida por Belo Monte. Estamos às vésperas da COP 30 e o nosso objetivo é deixar esse projeto como herança. Ele tem capacidade para revolucionar o transporte aquaviário de pequeno porte na região, com índices infinitamente menores de emissão de gases poluentes”, avalia o presidente da Norte Energia, Paulo Roberto Pinto.

Foto: Divulgação / Norte Energia

As voadeiras são movidas por um conjunto de dois motores de 20HP cada e possuem entre três e quatro baterias. O principal desafio do projeto é conciliar maior autonomia de viagem com baterias menores, mais leves e com menos tempo de recarga. Isso porque cada conjunto pesa em torno de 60 kg, o que ainda é considerado alto.

“Nesse primeiro momento estamos usando baterias adquiridas no mercado chinês, porém, a Norte Energia decidiu que a tecnologia utilizada precisa ser nacional. Assim, já negociamos com empresa local para o fornecimento de baterias 100% nacionais e a próxima etapa é testá-las, no âmbito do projeto, quanto à eficiência e autonomia. Esta voadeira elétrica é um marco para o transporte da região e continuaremos trabalhando para aperfeiçoar com tecnologia brasileira”, explica José Hilário Farina Portes, consultor de Assuntos Socioambientais da Norte Energia.

Foto: Divulgação / Norte Energia

A recarga das baterias será feita em dois postos, um no Porto dos Areeiros, em Altamira, e o outro junto ao Sistema de Transposição de Embarcações (STE), em Pimental. O tempo para carregar dura entre duas e três horas. A energia será fornecida pela Usina Fotovoltaica de Altamira, construída pela Norte Energia. Para o Professor Emannuel Loureiro, Engenheiro Naval, professor e pesquisador da UFPA, o projeto de voadeira elétrica se encaixa perfeitamente aos propósitos ambientais e trará grande utilidade para a população da região.

“Um projeto dessa magnitude, ele não tem apenas um impacto econômico, mas ambiental e social incalculável. Ambientalmente falando, é uma embarcação que possui zero adição de gás carbônico. Ela é totalmente elétrica e a energia que abastece as baterias é de usina fotovoltaica. Não utilizamos combustíveis ou lubrificantes. O nível de ruídos é menor do que de uma embarcação comum. Então, quando se fala de impacto ambiental, ela é muito mais vantajosa do que a que funciona a combustão. Do ponto de vista social, o custo operacional é menor. Não usamos gasolina, disponibilizando o transporte de forma mais acessível para população que pode facilmente recarregar as baterias sem custo de operação”, explicou.

Foto: Divulgação / Norte Energia

A Norte Energia investiu R$ 550.000,00 nos protótipos, incluindo estudos especializados em conjunto com a UFPA, a aquisição dos equipamentos chineses, um conjunto de baterias de fornecedor nacional e o desenvolvimento de projeto e construção dos cascos das embarcações. Para a expansão e torná-lo comercialmente viável, será necessária a definição de fontes de financiamento, visando possibilitar a multiplicação de voadeiras elétricas na região.

Artigo anteriorTerminal 7: Fiscalização da construção resalta sua localização estratégica
Próximo artigoAvanços na prevenção do câncer do colo do útero em Manaus

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui