

Manaus é hoje o terceiro maior centro movimentador de cargas aéreas, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro, justamente por conta da distância e dos problemas do transporte rodoviário. O modal aéreo é mais um que pode ser interligado e incrementado com a recuperação da BR-319.
Segundo a Federação Nacional das Empresas de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário, a promoção da integração modal na região amazônica é indispensável, uma vez que “não existe transporte rodoviário forte sem navegação e vice-versa”. Já o Comitê de Logística do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam) defende a criação de um órgão específico para cuidar da logística da Região Norte.
Exemplo disso é a possibilidade de desenvolvimento de um polo naval, em Itacoatiara, a partir do fomento do Porto interligado à BR-319. Outro benefício direto, apontado pelo deputado estadual Sidney Leite (PROS/AM) é a geração de empregos permanentes em larga escala abrangendo mais de uma região e mais de um setor, com a possibilidade da instalação de novas indústrias.
Já para a exportação de produtos do PIM, segundo a Fetramaz, haveria uma redução do tempo de escoamento de 12 para 5 dias. O mesmo vale para a importação de insumos, cuja demora obriga a manutenção de estoques maiores por parte das indústrias, responsável pelo aumento de 40% do custo de produção.
No Brasil, os custos logísticos estão estimados entre 16% e 20% do PIB, segundo um pesquisa encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Nos Estados Unidos esse número é 9,8% e na União Europeia 11%.
De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústrias de Base (ABDIB), a Região Norte ocupa o segundo lugar – atrás do Sudeste -, nos investimentos públicos e privados, sendo considerado estratégico o investimento em logística.

A Zona Franca de Manaus faturou R$ 80 bilhões em 2013 com mais de 600 indústrias e 120 mil empregos diretos. Esse número poderia ser maior a partir da diminuição do custo amazônico relacionado a transporte. Atualmente, em média, cada contêiner de 20 toneladas originário de outros países custa R$ 2 mil, o que aumenta o custo dos empresários em Manaus. Quando se trata de contêiner de 40 toneladas, o custo aumenta para R$ 4,3 mil, em média.
Ao custo de R$ 350 milhões e prazo de três anos para conclusão, o trecho de 250 quilômetros da BR-319, saindo de Manaus até o rio Igapó-Açu, será totalmente recuperado, segundo confirmou o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) no mês de maio.
A obra prevê a elevação da pista, para que não haja risco de alagamento durante o período chuvoso, substituição de bueiros, de dispositivos de drenagem e de pontes de madeira por tubos de concreto, além do serviço de pavimentação. A licitação foi vencida no dia 9 de maio pelo consórcio formado pela empresa Sanches Tripoloni e construtora Soma.
A contratação do consórcio para a execução da obra está sendo preparada pelo órgão federal e a previsão de início das obras é para o início do mês de julho. O trecho de 250 quilômetros a partir da capital amazonense é o que tem autorização ambiental para receber pavimento.
Nos outros 200 quilômetros, conhecido como trecho do meio, será licitada apenas a manutenção para retirada de atoleiros, limpeza lateral da pista e substituição de bueiros. Para a liberação da manutenção desse trecho ainda falta o licenciamento ambiental. Com a liberação do tráfego, o percurso entre Porto Velho e Manaus teria apenas um trecho com balsa, que é a ponte sobre o rio Igapó-Açu, com 350m de largura.
Meio Ambiente – Embora seja uma região de difícil acesso, algumas madeireiras já estão instaladas ao longo da BR-319. O próprio Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) já fechou algumas no ano passado, quando foram apreendidos três mil metros cúbicos de madeira extraída ilegalmente entre os municípios cortados pela BR-319 e a Transamazônica (BR-230), rodovia que cruza a estrada Porto Velho-Manaus em Humaitá (a 600 quilômetros de Manaus).
“Não é a estrada, que já existe, a responsável pelo desmatamento. É o isolamento, a falta de fiscalização que gera esse tipo de crime. Inclusive, os únicos focos de desmate existentes hoje estão nos assentamentos feitos pelo Governo Federal”, afirmou o deputado estadual Sidney Leite. Ele afirma que a recuperação da BR-319 poderá seguir o exemplo da BR-174 (Manaus-Boa Vista), que corta uma Terra Indígena e não há focos de invasões nem desmatamento.
O Ipaam já liberou obras de manutenção da BR-319 dentro das áreas protegidas do Amazonas, que somam dois trechos. O trecho do meio, de aproximadamente 400 km, está nas mãos do Ibama. Atualmente, um estudo ambiental complementar encontra-se em análise no órgão ambiental, que foi protocolizado em setembro do ano passado.
Integração – Além das capitais Manaus, Rondônia e, indiretamente Boa Vista, a BR-319 integrará os municípios diretamente interceptados pela estrada, entre eles Tapauá, Canutama, Humaitá e Manicoré, Careiro, Careiro da Várzea, Beruri, Borba e Manaquiri. Os municípios de Apuí e Lábrea, por estarem localizados na rodovia BR-230 (Transamazônica), que corta a rodovia BR-319 na altura do município de Humaitá, também serão beneficiados. São 16 ao todo que somam um contingente populacional de 500 mil pessoas.