Projeto ‘Alma de um Poeta’ estreia nesta terça-feira (14), no Teatro Amazonas

Balé Experimental do Corpo de Dança do Amazonas/Foto: Neandro Luís/Divulgação

A poesia de Anibal Beça ganha tradução em gestos, movimentos e lirismo no espetáculo “Por um momento…”, que estreia nesta terça-feira (14), às 20h, no Teatro Amazonas (Largo de São Sebastião, Centro). A montagem abre a nova temporada do projeto “Alma de um Poeta”, do Balé Experimental do Corpo de Dança do Amazonas, promovido pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura, e conta com patrocínio do programa O Boticário na Dança 2016.


No ano passado, o “Alma de um Poeta” foi contemplado pelo programa O Boticário na Dança para receber apoio em 2017, dentre 21 companhias, festivais, mostras artísticas, workshops e eventos de dança de 14 Estados do País. Com o incentivo, o projeto terá não só apresentações de espetáculos, como palestras e oficinas destinadas a estudantes acadêmicos, professores, coreógrafos, produtores de Dança e o público em geral, numa agenda que seguirá até fevereiro do ano que vem.

O secretário de Cultura, Robério Braga, ressalta o papel fundamental da formação artística dentro das ações promovidas pela pasta, que este ano completa 20 anos de atuação. “Há três anos criamos o Balé Experimental do Amazonas, com o objetivo de investir no potencial artístico dos jovens talentos da Dança no Estado”, declara ele. “O projeto ‘Alma de um Poeta’ leva à frente essa proposta, permitindo aos integrantes do Corpo de Dança do Amazonas compartilhar sua experiência com bailarinos de idades entre 15 e 23 anos”.

A programação inicia com a estreia de “Por um momento…”, que já foi encenada em ensaio aberto, no ano passado, e mais recentemente em versão work in progress, no Centro Cultural dos Povos da Amazônia, no último dia 9. Com 13 integrantes do Balé Experimental no elenco, a coreografia tem concepção de Adriana Goes, do Corpo de Dança do Amazonas, inspirada em dois poemas de Anibal Beça (1946-2009) – “Motivos” e “Constatação” – e em conceitos desenvolvidos pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017).

“Fiz um trabalho que tem um pouco do discurso do Bauman sobre a ‘Modernidade líquida’ e sobre as relações rarefeitas entre as pessoas nos dias atuais, relações que não perduram, e traduzindo isso em movimentos”, conta Adriana. “Mas busquei ir contra a maré e fortalecer essas relações, mostrar as pessoas celebrando e fortalecendo seus vínculos”.

A busca por novas referências temáticas, segundo Adriana, foi uma forma de dar um caráter mais autoral ao trabalho na nova temporada do “Alma de um Poeta”, e se deu a partir de conceitos trazidos pela própria poesia de Anibal Beça. “Os poemas dele me trouxeram a ideia de ‘mudança’, no sentido de que nunca permanecemos os mesmos, de que a mudança é a única constante. E, como venho flertando com a filosofia do Bauman, o que os poemas diziam casou com aquilo em que acredito em termos de sociologia”.

Os jovens bailarinos, acrescenta a coreógrafa e bailarina amazonense, tiveram um papel protagonista nesse processo de elaboração da coreografia. “Eles contribuíram bastante com suas impressões sobre os relacionamentos no mundo de hoje”, conta ela. “Além de interpretar, também se colocaram como coautores. Eu me influenciei tanto por mim como por eles, por meio de laboratórios e leituras”.

No palco, Adriana explora a linguagem da Dança Contemporânea, com movimentos mais próximos do chão e influência das danças urbanas. O espetáculo se desenrola ao som de trilha sonora de Marcos Tubarão, reunindo composições do cantor e compositor Erasmo Carlos, do movimento mineiro Clube da Esquina, e do músico e compositor argentino Gustavo Santaolalla, entre outras.

Após a estreia no Teatro Amazonas, “Por um momento…” terá outras apresentações ao longo deste semestre. Este mês, o espetáculo de dança será encenado no Teatro da Instalação, no Centro Histórico, nos dias 23 e 24 de março, quinta e sexta-feira; e no Sumaúma Park Shopping, na Cidade Nova, no dia 31, sexta-feira.

Em processo – Ainda este ano, o Balé Experimental do Corpo de Dança do Amazonas estreia a segunda montagem da nova temporada do projeto “Alma de um Poeta”. Inspirado num poema em estilo haicai de Anibal Beça, “Plutão (Já foi planeta)” terá como temática a luta por igualdade de grupos sociais como negros, mulheres e LGBTs. O título lembra o episódio em que Plutão, antes considerado planeta como Marte ou a Terra, foi rebaixado a “planeta anão” do Sistema Solar pelos astrônomos.

“O poema de Beça diz que ‘o rio onde os peixes nascem é o mesmo que os mata’. Viver em sociedade tem um pouco disso: você luta para ser aceito, é julgado, às vezes morre por dentro, para viver lá fora. Essa é uma visão filosófica minha da vida em sociedade nos dias atuais”, explica Rodrigo Vieira, bailarino e coreógrafo amazonense do Corpo de Dança, responsável pela concepção da montagem.

Atualmente em processo de pesquisa, “Plutão (Já foi planeta)” tem estreia prevista para agosto, com uma encenação em versão work in progress agendada para junho.

Incentivo e formação – O projeto “Alma de um Poeta” promove um tributo à literatura amazonense por meio de criações em Dança Contemporânea inspiradas na obra de autores de renome do Estado. A iniciativa começou em 2015 e deu origem a diversos trabalhos, desenvolvidos por jovens integrantes do Balé Experimental sob orientação de profissionais do Corpo de Dança do Amazonas, que foram encenados em Manaus na forma de processos coreográficos.

Balé Experimental do Corpo de Dança do Amazonas/Foto: Neandro Luís/Divulgação

Para a diretora artística Monique Andrade, um dos destaques do projeto é promover um aperfeiçoamento tanto dos jovens integrantes do Balé Experimental quanto dos profissionais do Corpo de Dança do Amazonas.

“O projeto proporciona não apenas uma pesquisa de movimentos e de técnicas artísticas para os alunos, como também um crescimento para os coreógrafos, que tiveram de atuar num outro nível de trabalho e passar esse conhecimento aos jovens bailarinos”, explica ela. “Do início do trabalho até hoje, vemos um crescimento impressionante dos dois grupos”.

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