Uma filosofia parceira da vida – por Carlos Santiago

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado

Qual o sentido da vida? Existe a forma perfeita para alcançar a felicidade? As dores físicas e emocionais são possíveis de suportar? Como superar os medos e as superstições negativas? O que é liberdade? Como a filosofia pode ser parceira na busca de uma vida prazerosa? Essas outras indagações, tão antigas e tão presentes na história da humanidade, formam também o arcabouço filosófico e o ensinamento do pensador Epicuro e do epicurismo sobre existir prazerosamente num mundo de medos e de crenças tolas.


Epicuro viveu como sempre desejava e pregava: sem luxos e riquezas materiais. Prezava pela sabedoria e por uma vida prazerosa conquistada pelos saberes e pela capacidade do homem de entender a importância da vida presente a partir do mundo real, sem deuses terríveis ou bondosos, sem mitos e sem superstições, com a certeza da finitude da vida.

A sua escola de filosófica, denominada de Jardim, era aberta aos diálogos e a todos que quisessem filosofar a ideia de vida muito valiosa, prazerosa e de comunhão, na qual não esperava nada dos deuses, nem temê-los; nem medo da morte, pois ela chegará a todos; a felicidade é alcançável e as dores são suportáveis, pois ensinam e fazem parte da superação no existir.

O homem para viver prazerosamente precisa compreender o viver, como um sábio que conhece a sua natureza, a sua condição e os seus limites. Elevar sempre a esperança numa vida de realizações entre amigos, sem preocupações com tesouros, patrimônios e invejas das conquistas materiais do outro.

O conhecimento, para Epicuro, vem do empirismo – a origem do conhecimento à experiência sensível e o homem é composto de átomos, conceito que mostrou a sua relação intelectual com Demócrito, pois acreditava que tudo no universo são átomos e espaços.

O significado de liberdade, tema com vários significados e pensadores ao longo da história da filosofia, foi reflexão e ação central, também, da contribuição de Epicuro, a partir da ideia de autodeterminação absoluta, sem determinação do tempo e do espaço, pois o homem é capaz de construir sua própria liberdade, com movimentos que dependem de si mesmo, impulsionados pelas suas vontades.

No mundo atual, com relações sociais definidas pela busca incessante de status, de poder político e econômico, de imagens ligadas a realizações financeiras e de consumo, com crescente números de pessoas com ansiedade e depressivas por conta dos desafios e da pressão cultural por felicidades via conhecimento e bens materiais, a leitura de Epicuro pode indicar um viver melhor.

A filosofia de Epicuro é uma parceira da vida, pois como ele ensinava: a vida não será vivida duas vezes. Esse pensamento contribuiu na antiguidade para uma reflexão do modo de vida e para promover debates no mundo atual sobre qual é o melhor modo de viver para obter felicidades e o significado de liberdade.

Nem sempre o homem tem liberdade de escolha. Nem sempre o sistema político, econômico e moral quer deixar o homem sair da servidão. Mas, é possível viver melhor, entender a importância da vida, viver em harmonia e deixar de seguir valores negativos e cultivar medos que nada contribuem para uma vida boa, basta ter vontade.

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado

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