Venezuela: crise piora após 3 meses de protestos e 44 mortes

Para-médicos levantam as mãos ao passar por policiais/Foto:
Para-médicos levantam as mãos ao passar por policiais/Foto:
Paramédicos levantam as mãos ao passar por policiais/Foto: AP

Um jovem universitário fala, com um megafone, para um pequeno grupo de pessoas que o rodeiam na praça Mene de Colinas de Bello Monte, em Caracas. Trata-se de uma assembleia de vizinhos que ocorreu na noite de terça-feira, um dia depois que completaram-se três meses da recente escalada de protestos na Venezuela, que já deixou um saldo de 44 mortes.

“Reajam! Não os convoco para a violência, mas saiam de suas casas!”, disse aos espectadores, com um chamado para que não interrompam as manifestações de descontentamento com o governo do presidente Nicolás Maduro.


Após um trimestre de manifestações, a intensidade do conflito não parece diminuir e suas consequências têm afestado os principais atores do cenário político do país. “O governo vem pagando um custo alto: as pesquisas mostram que mais da metade da população o considera autoritário. Isso está relacionado com a forma como tem lidado com as manifestações, que tem sido vista como repressiva. A isso, se somou a escassez de de produtos básicos e a inflação que geraram uma percepção crescentemente negativa da situação”, diz John Magdaleno, especialista em ciências políticas e diretor da empresa Polity.

A oposição, no entanto, não tem se fortalecido no período e as tensões internas se afloraram.
O método de bloqueio de vias públicas, conhecido como “guarimbas”, não obteve consenso entre os que o consideram uma forma violenta que retira a legitimidade de outras maneiras de expressar descontentamento. “E também revivou uma velha divergência estratégica sobre qual é o caminho correto para enfrentar o governo. Há divisão entre os que pensam que se deve adotar uma fórmula basicamente eleitoral e aqueles que acreditam que isso não é suficiente e que deve existir pressão nas ruas”, afirma Magdaleno.

Detenções em massa
Um dos marcos mais graves do conflito ocorreu na quinta-feira passada: a detenção de quase 250 jovens em quatro acampamentos espalhados por Caracas, onde pernoitavam como forma de manifestação pacífica. Funcionários da Guarda Nacional Bolivariana os apreenderam, de surpresa, no meio da madrugada. As audiências realizadas nos tribunais tem sido classificadas como as maiores da história judicial, por ativistas de direitos humanos. Os juizes mantiveram atrás das grades onze dos detidos.

Os outros jovens foram submetidos ao regime de liberdade condicional até que se defina se serão julgados criminalmente, uma situação semelhante a que se encontram 1.700 dos quase 3 mil venezuelanos que foram presos por atos ligados ao conflito nesses três meses, segundo dados da ONG Foro Penal. ”

“Se intimida com julgamentos os que participam de protestos, se criminaliza o direito de manifestar”, diz Marino Alvarado, diretor da Provea, outra organização de direitos humanos.

Fernando Jaramillo foi um dos jovens detidos no acampamento instalado nos arredores da sede do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. “Nos detiveram por volta das 3h da manhã. Estávamos dormindo quando os militares chegaram. Muitos de nós chegaram descanlços na sede da Guarda Nacional Bolivariana onde nos prenderam. Os militares pegaram nossos documentos de identidade, nosso dinheiro e telefones celulares”, relata o jovem, que tinha vindo do estado Bolívar, na fronteira com o Brasil. Ele foi liberado, mas terá que comparecer a cada 15 dias aos tribunais até saber será julgado.(Terra)

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