Aliança espúrias – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

Pompeu de Toledo, da revista Veja, sustenta que os governos brasileiros não precisam de alianças espúrias e concessões aos maus hábitos para assegurarem a governabilidade, argumento que os Presidentes sempre utilizam para justificar a participação dos onipresentes da política nacional em suas gestões. O Governo Lula 3 está apanhando direto mesmo fazendo alianças espúrias.


Não vai demorar para uma reforma ministerial para desabrigar partidos que não cumprem com a aliança de base e abrigar os mais espúrios que vão para Ministérios com o propósito de ganhar notoriedade e quem sabe dinheiro. É verdade: o Brasil dá provas, em definitivo, de que a velha elite – e olha que sou contra o uso generalizado deste termo – precisa tirar a poeira das gavetas, recolher os pertences, arrumar as malas e deixar a Capital Federal. Este é apenas o ponto um, contudo.

Engana-se quem imaginar que uma renovação no quadro político nacional iria resolver, por si só, nossas pendências éticas. Este país precisa, primeiro, olhar para si, desde o dedão do pé até o último fio de cabelo. Uma revisão ética só terá validade se começar pela própria sociedade, “de baixo para cima”, como costuma falar a esquerda.

Mas quando dizemos que o “país” precisa repensar-se, não nos referimos a esta coisa institucionalizada, estatal, feita de ministérios e gabinetes e nem mesmo às leis. Repensar eticamente o Brasil pressupõe uma autoanálise de cada cidadão, do mais humilde ao mais garboso dos empresários, do coroinha ao bispo, do Zé Ninguém ao Zé Montão. Ora, neste berço esplêndido dormem muitos “homens de bem” que estão omissos no processo de moralização e, já dizia o chavão popular, de boas intenções o inferno está cheio. Com a queda de Fernando Collor foi igual: achávamos que – enfim – tudo seria diferente, o arco-íris parecia que iria até brilhar mais forte. Mas aí continuamos votando em troca de um uniforme para o time do bairro, ou no conhecido da tia do compadre, ou então… “ah, não quero saber de política”.

A hora é de decidir. O que acontece deveria servir, no mínimo, para oferecermos seriedade e critério ao voto que vamos dar em 2024, por mais que possamos errar. Ou então… ah, estou procurando um uniforme para o time do meu bairro.

 

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