Campanha ainda sem empolgação popular – por Carlos Santiago

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado - Foto: Correio da Amazônia

No Amazonas, uma semana depois do início oficial da campanha eleitoral, a maioria dos postulantes aos cargos eletivos não tem movimentação e o envolvimento popular está muito acanhado: nas ruas, nos veículos e nas redes sociais, o movimento ainda não reflete a importância das eleições 2022 para o estado e para o Brasil, pois serão eleitos o(a) presidente, o(a) governador, o(a) senador da República, deputado(a)s federais e estaduais.


Há fatores que impactam nas movimentações das campanhas eleitorais: aceitação da população; financiamento eleitoral; utilização de canais de comunicação, que bem trabalhados podem alcançar o eleitorado; e a definição antecipada pelo eleitorado dos seus candidato(a)s.

Não há, no Amazonas, até o momento, uma candidatura ao governo do estado com grande clamor da população. Há candidaturas com índices elevados de rejeição e existe, também, um sentimento negativo com relação aos políticos no atual cenário econômico, social e político. Isso tudo, não traz, por enquanto, empolgação à população para que ela se envolva intensamente no pleito. A contribuição que se observa é na realização de alguns eventos de campanha de pessoas com cargos comissionados ou funcionários pagos.

É sabido que os recursos do fundo público de campanha não foram distribuídos pelos partidos a todos candidatos (as). E no país com inflação alta, fazer movimentação de campanha é muito caro. Ademais, a doação de pessoa física para campanha  num  país com alto índice de trabalho informal e com um percentual grande de desempregados, fica difícil. Despesas com combustíveis, com trabalhadores, com água e refeição, com protetor solar, com comitê fixo, com panfletos e bandeirolas, tornam caríssimas e difíceis de colocar a campanha nas ruas.

Há, ainda, segundo pesquisas divulgadas, uma definição de candidatura, por parte da maioria do eleitorado, que já teria decidido em quem vai votar e, nesse período, prefere ficar silenciosa diante de possíveis conflitos passionais, deixando de expor sua preferência nas ruas, na internet e nos grupos de aplicativos de relacionamentos.

Nas eleições de 2018, a internet contribuiu e superou a falta de recursos financeiros de muitos candidatos; e o sentimento popular por mudanças ajudou na renovação de governos e na nova composição dos parlamentos.  Agora, com o eleitorado sem ousadia, com a falta de recursos financeiros e sem apoio popular ou com parcela do eleitorado já definido, as campanhas podem não fluir. Mas, vamos aguardar,  só tivemos uma semana de campanha oficial.

No próximo dia 26, as campanhas vão para o rádio e televisão. Podem ajudar no clima das campanhas e nas decisões do eleitorado, pois numa situação tão difícil para o Brasil não cabe ao eleitor ficar distante das eleições. Não cabe somente votar. Ficar silencioso. É preciso ir além. Participar ativamente das movimentações políticas, inclusive, promovendo debates entre os amigos e vizinhos.

As eleições não podem ser o resumo dos interesses de poucos. A política e o Poder Público só vão melhorar, independentemente do resultado de 2022, com forte participação popular na hora do voto, nas decisões políticas  e com a cobrança  sempre das promessas  de campanha.

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado.

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