Comunicadores indígenas do Alto Rio Negro discutem fake news em comunidades

Foto: Divulgação

Série terá episódios de podcast e programa de rádio com investigações sobre desinformação e a manipulação da informação


Na calha do Rio Negro, no Amazonas, existem apenas dois veículos de comunicação nas três cidades da região, de acordo com o Atlas da Notícia. É onde a Rede Wayuri atua desde 2017 na tentativa de ocupar o espaço da informação junto à maior população indígena do Brasil, reunindo comunicadores nativos de oito etnias. Agora, a Rede começa uma série em podcast sobre o impacto das mentiras nas comunidades do extremo norte brasileiro.

São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos abrigam cinco Terras Indígenas e uma população de quase 100 mil pessoas, espalhadas em áreas urbanas e nas mais variadas localidades rurais, muitas delas remotas e sem acesso à internet. É com o propósito de levar a informação em caráter profissional a essas regiões que a Rede de Comunicadores Indígenas do Rio Negro, por meio do Instituto Socioambiental (ISA) e com a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), inicia a parceria com o projeto ‘Amazonas: Mentira tem Preço’, com a FALA produtora e o InfoAmazonia.

Serão episódios sobre fake news nas comunidades, negacionismo climático, demarcação de terras indígenas e proteção dos direitos da comunidade sob a ótica de lideranças indígenas locais. As entrevistas revelam como a manipulação dos fatos acontece nesses territórios e quais meios são utilizados pelos povos originários para conquistar acesso a informações fidedignas, sobretudo em meio à pandemia de Covid-19. O ouvinte também vai ter a oportunidade de conhecer um pouco do dia a dia de cada comunicador.

Apresentadora da Rede Wayuri, a comunicadora Claudia Ferraz, da etnia Wanano, resume a complexidade do trabalho. “Atuamos numa área maior que Portugal, onde temos 23 etnias e cerca de 750 comunidades, algumas de difícil acesso. Além do Português, são faladas quatro línguas co-oficiais. Esse é outro desafio para os comunicadores que traduzem as informações”, afirma.

A Rede Wayuri é composta por comunicadores indígenas de pelo menos oito etnias: Baré, Baniwa, Desana, Tariana, Tukano, Tuyuka, Wanano e Yanomami. Além do podcast Áudio Wayuri, a Rede produz o programa Papo da Maloca, que vai ao ar às quartas-feiras, na rádio FM O Dia, de São Gabriel da Cachoeira.

“Além da equipe da Rede Wayuri, que mora em São Gabriel da Cachoeira, estão envolvidos no projeto comunicadores de cada região administrativa da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn). Assim, o trabalho ganha mais profundidade. Aqui na FALA, sempre dizemos que diversidade não é apenas o que você diz, mas sobre quem está ao seu lado. Metade da nossa equipe é do Amazonas”, diz Thais Lazzeri, fundadora da produtora FALA e coordenadora do projeto ‘Amazonas: Mentira tem Preço’.

O primeiro episódio da série, ‘Fake News na Floresta’, está disponível no Spotify e nas principais plataformas de streaming.

Sobre o projeto

Elaborada pela produtora de conteúdo Fala e InfoAmazônia, a investigação jornalística ‘Amazonas: Mentira tem Preço’ é uma iniciativa que conta com a parceria do Instituto Igarapé e do Abaré Jornalismo. Em foco, o intenso fluxo de notícias falsas em veículos locais e nacionais, a ausência de pautas ambientais por parte dos políticos da região e o difícil acesso à informação. As reportagens e ações do projeto podem ser encontradas no site mentiratempreco.infoamazonia.org.

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