Congresso do PT na era do mensalão(Por Paulo Figueiredo)

Advogado Paulo Figueiredo(AM)

O PT realiza seu 5º Congresso em plena era do Mensalão lulopetista, em Salvador, Bahia, no mês em que o escândalo completou uma década. Triste coincidência, fruto do encadeamento de ocorrências que guardam identidade entre os fatos.
Carlos Lacerda, em seus últimos anos, já morando em Petrópolis, pesquisava e estudava eventos coincidentes na história das nações, das sociedades e na vida das pessoas. Um tema interessante, digno do talento, da cultura e da instigante curiosidade do ex-governador da Guanabara, um dos maiores tribunos da história do país.


A existência de conexão entre os acontecimentos não se dá por acaso e há certa atração que os une, fenômeno nem sempre bem explicado, mas verdadeiro e que se repete com frequência. Portanto, não é à toa que os petistas realizam seu encontro no primeiro decênio do Mensalão, que seria sucedido pelo Petrolão de bilhões de reais. Isso sem falar nos fantásticos e nebulosos negócios do BNDES, no Brasil e no exterior, caixa-preta que permanece indesvendável.

Mensalão e Petrolão são faces da mesma moeda lulopetista. Um, mais modesto, destinado à compra de parlamentares comprometidos com o esquema de poder, iniciativa bem mais fácil do que qualquer forma de convencimento de natureza política ou ideológica. Outro, com propósitos mais abrangentes, foi montado para assegurar a manutenção do PT no governo, ao mesmo tempo em que permitiu o enriquecimento fantástico dos envolvidos no esquema corrupto.

A corrupção e a falta de escrúpulos estabeleceram liames entre ambos. Seus autores e partícipes foram movidos pelo velho axioma de viés autoritário e fascista de que os fins justificam os meios. De tal sorte que jamais tiveram qualquer constrangimento ou limitação de ordem moral, cientes de que a verdade e a justeza de propósitos os absolveria no presente e no futuro. Tudo então foi permitido, tornando-se rotineiro o assalto ao erário. Em nome da causa e em nome próprio, na constituição de fortunas à sombra do poder, característica da era lulopetista, que desse modo ficará marcada nos anais da história.

Nos agrupamentos ideológicos maniqueístas e radicalizados, à esquerda ou à direita, do stalinismo ao nazismo, tais procedimentos não constituem nenhuma novidade. Lendo a biografia insuspeita de Luís Carlos Prestes, de autoria de Daniel Aarão Reis, professor de história contemporânea da Universidade Federal Fluminense e pesquisador do CNPq, nela encontro a atuação nada ortodoxa do comunista José Salles. Coordenador da Comissão Executiva do Partido Comunista Brasileiro, durante o exílio pós golpe militar de 64, em processos de captação de recursos para a legenda proscrita, usou de métodos condenáveis. Acusado de incursões no tráfico internacional, com conexões com militantes argentinos envolvidos na comercialização de drogas ilícitas, terminou anistiado e reintegrado às suas atividades na direção do Partidão.

Ontem, como hoje, vale-tudo em nome do partido. O PT já inocentou os condenados da Papuda. Um deles, o notório José Dirceu, aplaudido como herói do povo brasileiro, acaba de dizer que ele, Lula e Dilma estão no mesmo saco. É incrível, como heróis ou vilões?

No encontro de Salvador, de Lula, já apanhado com a boca na botija, no caso do instituto que tem o seu nome, ao receber perto de R$ 5 milhões da Camargo Corrêa, a Vaccari Neto, todos estão sendo desagravados e santificados. Preso pela Polícia Federal, o ex-tesoureiro do PT foi ovacionado pelos petistas. Markus Sokol, líder radical empedernido e patrocinador da ideia de resgate do petismo, disse que “antes de começar, gostaria de prestar uma homenagem ao companheiro Vaccari, que foi preso injustamente”, levando os congressistas a ficarem todos de pé, em reverência ao incriminado no Petrolão. Sokol entende como “cretinismo jurídico dizer que quem foi condenado por corrupção está automaticamente expulso do partido”, com indisfarçáveis propósitos de justificar a imoralidade da companheirada delituosa.

E o metalúrgico? Bem, como sempre, dá uma no cravo e outra na ferradura, critica Dilma e sua administração, em privado, e procura amaciar a situação de descontrole do governo, em público. Repete a ladainha contra a imprensa livre e democrática, que tanto o tem incomodado, vociferando contra a demissão de jornalistas pelos órgãos de comunicação – Folha e Veja, como se tudo não decorresse da crise que atinge os vários setores da economia nacional, provocada pelo lulopetismo no poder.

Caem todos de pau nos projetos de ajuste fiscal do ministro Joaquim Levy, nomeado como bode expiatório, como se a nova política econômica pudesse estar dissociada da centralizadora presidente Dilma, que não abre mão de dar a palavra final sobre decisões mínimas de seu governo. Neste ponto, fica fácil identificar quem são os cretinos do singular Sokol, na avaliação hipócrita dos fatos que incomodam os petistas, na contramão do ideário que sempre proclamaram e que agora negam no poder, constituído em cima do mais vergonhoso estelionato eleitoral. (Paulo Figueiredo – advogado, escritor e comentarista político – [email protected])

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