Cunha, Lula e Dilma(Por Paulo Figueiredo)

Advogado Paulo Figueiredo(AM)
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É impressionante como Cunha, Lula e Dilma se parecem. Todos juram inocência. São honestíssimos, coitadinhos. Nenhuma acusação contra eles é verdadeira e tudo não passa de um grande jogo ou golpe político para apeá-los de suas funções e do poder.
Há muitos pontos de identidade entre a carta de renúncia de Eduardo Cunha, lida ontem no saguão da Câmara dos Deputados, e a carta de defesa de Dilma Rousseff, lida em sessão da Comissão de Impeachment do Senado Federal. Ambos, nos dois documentos, reclamam de seus inimigos e proclamam virtudes que jamais possuíram. Hoje, inimigos viscerais, esquecem que até bem pouco tempo comungavam de uma forte aliança política.


Dilma não teve a menor dificuldade em entregar a Fábio Cleto, afilhado e preposto de Cunha, a vice-presidência da Caixa Econômica Federal, que administra a aplicação de recursos do Fundo de Garantia dos trabalhadores brasileiros. Em delação premiada, Cleto confessou que meteu a mão numa dinheirama fantástica, dividindo-a, milhão a milhão, com Cunha, que monitorava diariamente o butim.

Incrível é que na época da nomeação, ele e seu padrinho não foram sequer questionados pela presidente sobre as razões de tanto interesse em abocanhar o relevante cargo na direção de um dos maiores bancos públicos do país. Nestas horas, a “gerentona”, milagreira do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, sempre falha ou faz ouvidos de mercador, como ocorreu quando da aquisição da Refinaria de Pasadena pela Petrobras.

Fábio Cleto, assaltante confesso do erário, somente foi demitido após Cunha ter admitido o processo de impeachment na Câmara contra Dilma. Antes, ou mesmo na véspera, os homens do governo e a presidente ainda investiam num acordo com Cunha, que via tal possibilidade como concreta, tanto é que recebeu o pedido de impedimento de forma restrita, longe de avaliar o desastroso conjunto da obra.

O impeachment, ao contrário do que pretendem os lulopetistas e outras figuras laterais, em momento algum foi uma manobra orquestrada por Cunha, assim como Cunha jamais será reconhecido como o artífice da iniciativa, como tentou fazer crer em suas declarações de despedida da presidência da Câmara. A história reservará aos dois o lugar e o carimbo que merecem. Pesam sobre ambos suspeições de toda ordem, com alguns delitos já demonstrados e provados. Eles, cada um a seu modo e na medida de sua importância no cenário nacional, mergulharam o país na tragédia, gravemente enfermo no leito do m ar de lama que toma conta da Nação.

Dilma, além de incompetente, perdeu para sempre a aura de honesta, uma vez que em torno de seu nome sempre gravitaram atos e fatos delituosos, com o envolvimento de atores muito próximos de sua mesa de trabalho. Quem não lembra de Erenice Guerra, mulher de sua absoluta confiança e sua substituta na chefia da Casa Civil da Presidência, indicada pela própria Dilma. Mostra-se emblemático o caso de Pasadena, verificado quando de sua gestão no Conselho de Administração da Petrobras, cuja operação teve seu aval, fundado em informações detalhadas que lhe foram passadas, segundo depoimento de Nestor Cerver ó, prestado ao juiz Sérgio Moro. De mais a mais, evidencia-se o comportamento desonesto da presidente, quando insiste na mentira, mitômona fundamental, a tal ponto que ninguém aposta mais um tostão de mel coado no que diz ou declara.

Cunha é um poço de ilicitudes, expressão de vinculação profunda com o crime, uma folha corrida imbatível. Ostenta uma biografia que exala fetidez, desde seus momentos inaugurais na vida pública, enriquecida com o tempo e na proporção que foi ganhando notoriedade. As várias ações penais e representações ajuizadas contra sua pessoa perante o Supremo Tribunal Federal dão a dimensão dos crimes que cometeu, com apoio em elementos irrefutáveis de prova.

E o que dizer de Lula da Silva, do injustiçado operário, como sustentam seus apaixonados seguidores, pobrezinho, vítima das elites e do imperdoável pecado de ter ascendido ao poder maior na República? Ele, como nunca viu nada, nunca soube de nada e nunca fez nada, também não tem nada, patrimônio zero, com exceção da unidade do prédio onde reside. Não é dele o sítio de Atibaia e o apartamento tríplex do Guarujá, embora tudo sinalize em contrário, como revelam em depoimento os dirigentes das empresas que têm a propriedade formal dos bens ou que realizaram obras nos im&oacut e;veis. Seus filhos, com vida antes modestíssima, fizeram fortunas da noite para o dia, como gênios do empreendedorismo, com surpreendentes associações empresarias e negócios nebulosos.

Enquanto pleiteia a suspeição do juiz Sérgio Moro, temeroso diante de uma sentença condenatória do magistrado da Lava-Jato, corre para Brasília, na desesperada tentativa de salvar o mandato de sua pupila. Em transações espúrias, anunciadas sem nenhum constrangimento, oferece o PT como moeda de troca a senadores interessados nas próximas eleições municipais, contanto que votem contra o impeachment da presidente afastada.

É o velho e malandro Lula de sempre.(Paulo Figueiredo – Advogado, Escritor e Comentarista Político – [email protected])

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