Dia de Natal(Por Raimunda Gil Schaeken)

Professora Raimunda Gil Schaeken(AM)
Professora Raimunda Gil Schaeken(AM)

Há muito tempo sabe-se  que o Natal tem raízes pagãs. Por causa de sua origem não bíblica, no século XVII essa festividade foi proibida na Inglaterra e em algumas colônias americanas. Quem ficasse em casa e não fosse trabalhar no dia de Natal era multado. Mas os velhos costumes logo voltaram, e alguns novos foram acrescentados. O Natal voltou a ser um grande feriado religioso, e ainda é em muitos países.

De acordo com o almanaque romano, a festa já era celebrada em Roma no ano 336 d.C. Na parte Oriental do Império Romano, comemorava-se em 7 de janeiro o seu nascimento, ocasião do seu batismo, em virtude da não aceitação do Calendário Gregoriano. No século IV, as igrejas ocidentais passaram a adotar o dia 25 de dezembro para o Natal e o dia 6 de janeiro para Epifania (que significa “manifestação”). Nesse dia comemora-se a visita dos Magos.


Segundo estudos, a data de 25 de dezembro não é a data real do nascimento de Jesus. A Igreja entendeu que devia cristianizar as festividades pagãs que os vários povos celebravam por altura do solstício de Inverno.

Portanto, segundo certos eruditos, o dia 25 de dezembro foi adotado para que a data coincidisse com a festividade romana dedicada ao “nascimento do deus sol invencível”, que comemorava o solstício do Inverno. No mundo romano, a Saturnália, festividade em honra ao deus Saturno, era comemorada de 17 a 22 de dezembro; era um período de alegria e troca de presentes. O dia 25 de dezembro era tido também como o do nascimento do misterioso deus persa Mitra, o Sol da Virtude.

Assim, em vez de proibir as festividades pagãs, forneceu-lhes um novo significado, e uma linguagem cristã. As alusões dos padres da igreja ao simbolismo de Cristo como “o sol de justiça” (Malaquias 4:2) e a “luz do mundo” (João 8:12) revelam a fé da Igreja n’Aquele que é Deus feito homem para nossa salvação.

As evidências confirmam que, num esforço de converter pagãos, os líderes religiosos adotaram a festa que era celebrada pelos romanos, o “nascimento do deus sol invencível” (Natalis Invistis Solis), e tentaram fazê-la parecer “cristã”. Para certas correntes místicas como o Gnosticismo, a data é perfeitamente adequada para simbolizar o Natal, por considerarem que o sol é a morada do Cristo Cósmico. Segundo esse princípio, em tese, o Natal do hemisfério sul deveria ser celebrado em junho.

O Natal, além de ser o tempo de enviar cartões e presentes, manifestações externas dos nossos sentimentos de afeto e de gratidão, nos dá a oportunidade de tirarmos duas grandes lições:

A primeira lição é descobrir, neste mundo que se afoga no tumulto, nos ruídos estonteantes, nos gritos do desespero e da violência, o silêncio criador e reconfortante.

Deus é silêncio, silêncio infinito, majestoso e, ao mesmo tempo, é o Verbo. E o Verbo é a palavra silenciosa que penetra no mundo. Nas profundezas da noite, fez-se carne e manifestou-se aos homens, na humildade de uma silenciosa gruta.

A segunda lição é a do amor e da esperança. Cristo é a manifestação concreta do amor de Deus e o sinal de eterna esperança. É o amor de Deus para com os homens que governa o mundo e mantém viva a esperança de um porvir melhor.

Recebi uma mensagem do amigo João Tavares, de São Luís – MA, comentando que a  cada Natal que se passa, fica difícil comparar a ternura, a pureza, a simplicidade do Nascimento de Jesus com as sempre maiores complicações do nosso Mundo de hoje:

– Guerra sem fim na terra de Jesus e arredores

– O horror do Estado Islâmico e do radicalismo islâmico na Nigéria e noutros países, e suas matanças de centenas de cristãos e de muçulmanos de outras facções, se proclamando senhores da vida e da morte. Usando para isso o nome de DEUS…

– O grave conflito na Síria e a absurda situação dos Curdos e dos Palestinos sem pátria

– A volta do expansionismo russo na Crimeia e na Ucrânia

– Os USA pensando e agindo como se fossem os donos e a polícia de Mundo, prendendo, torturando e matando onde querem, espionando abertamente no mundo inteiro

– A doença mortal da economia europeia, criada pela inescrupulosa ganância dos poucos donos do dinheiro no mundo
– As crises contínuas em vários países da África, agora agravados pela epidemia de ebola, a doença ainda sem cura porque os laboratórios farmacêuticos ainda não quiserem pesquisar remédios para ela.

– A criminosa exploração dos diamantes e outras riquezas africanas que alimentam tantas guerras e assassinatos, da Libéria à África do Sul
– No Brasil, a explosão do antigo e metastásico câncer da corrupção endêmica na Petrobrás e do vergonhoso conúbio deslavado e patente, de décadas, entre governo e empreiteiras, envolvendo Senado e Câmara dos deputados bem como governos e assembleias estaduais: em todos os governos de pelo menos 1985 para cá. Sem esquecer a ganância do agronegócio à custa de trabalho escravo, da morte de muitos índios posseiros e da devastação clandestina da floresta amazônica.

– A Terra, nossa casa comum, sempre mais depredada e doente pela ganância de poucos poderosos.

Dá para desanimar? Humanamente, sim; porém temos a certeza de que, apesar de tudo, há esperança e alegria porque Deus se fez homem, Cristo verdadeiramente se encarnou por nós, “o Salvador anunciado pelos profetas veio para permanecer sempre conosco! Devemos ter fé no Natal, uma fé muito forte e profunda!” (J.Paulo II).

Que o Deus da Vida nos mande de novo o SALVADOR. Que Jesus, Deus feito Menino, VENHA e, com a força do Espírito Santo, nos traga de novo a sede de Justiça, a Esperança, a Solidariedade, o Amor e a Vontade firme de trabalharmos juntos por um  mundo mais humano, fraterno e justo que possa vir a ser, finalmente, a casa digna de todos os filhos de Deus, independe de raça, cultura e religião.

RAIMUNDA GIL SCHAEKEN (Tefeense, professora aposentada, católica praticante, membro efetivo da Associação dos Escritores do Amazonas –
ASSEAM e da Academia de Letras, Ciências e Artes doAmazonas – ALCEAR.)

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