A Educação – Criação da Unidade Educacional de Tefé – Por: Raimunda Gil Schaeken

Professora Raimunda Gil Schaeken
Professora Raimunda Gil Schaeken
Professora Raimunda Gil Schaeken

Pela Resolução nº 2.064/71, de 9 de março de 1971, foi criada a Unidade Educacional de Tefé, sendo nomeada diretora a Irmã Myrian Jopper de Moura. A referida religiosa trabalhou muito pela organização das escolas e aperfeiçoamento do ensino de Tefé. Sua principal obra foi a instalação do curso profissionalizante do Magistério, onde se destacou como professora de Psicologia e Língua Portuguesa. Em 1975, foi eleita Provincial da sua congregação (Franciscanas Missionárias de Maria), com sede em São Paulo).

Na época, a SEDUC (Secretaria da Educação e Cultura) exigiu que ela apresentasse três nomes de professores que atendessem aos critérios estabelecidos. Cumprindo a exigência, a Ir. Myrian entregou a lista tríplice ao Secretário de Educação indicando o nome da professora Virgilina Façanha Mendes, de sua preferência. Esta foi nomeada e ao assumir a Unidade Educacional, continuou com garra e competência o trabalho educacional iniciado pelas Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria.


A Profa. Virgilina foi uma baluarte da Educação de Tefé. Lutou muito, sem medir esforços, junto à SEDUC (Secretaria da Educação e Cultura) e demais órgãos do Governo, em busca de recursos para reformar ou construir escolas. Sua preocupação e meta de trabalho foi o aperfeiçoamento dos professores realizar cursos de capacitação para professores, a fim de que os alunos tivessem bom aproveitamento. Para tanto, conseguiu por meio do Campus Avançado da Universidade Federal de Juiz de Fora, universitários e professores para durante o planejamento escolar administrarem cursos de reciclagem, assim como o atendimento odontológico preventivo junto a rede escolar de Tefé. Muitos professores gostaram da cidade; alguns, até casaram.

Encaminhou três professores, entre eles a professora Elizabeth Lima da Gama para fazer a Licenciatura Plena em Belém, na área de Ciências Biológicas. Conseguiu contratar novos professores e funcionários, bem como implantar novos cursos: Acadêmico, Contabilidade e Agropecuária, uma vez que em Tefé só existia o curso profissionalizante do Magistério. Como católica praticante, a Profª Virgilina procurou apoiar os trabalhos da Igreja, incentivando os professores e alunos a participar de todas as comemorações religiosas. Era marcante a colaboração das Escolas nas noitadas do tradicional arraial de Santa Teresa, a gloriosa Padroeira da cidade de Tefé. Igualmente, incentivou e apoiou as atividades cívicas nas escolas, fundando, para isso, o Centro Cívico de cada Escola. Assim, cada Escola elegia o seu Patrono que, anualmente, era festejado com muita animação pelos professores e alunos de cada educandário, com direito a declamação de poesias, cantos, dramatizações, esporte, concurso de poesias, redações e desenhos. Cada Escola procurava fazer o melhor e o mais bonito, principalmente nos desfiles de 15 de junho, aniversário da cidade, e 5 e 7 de setembro  (Dia do Amazonas e Dia da Pátria), dirigidos sempre pela equipe de Educação Física que conseguiu formar em Tefé. Tanto assim, que pelos seus esforços e apoio da equipe, pôde fazer de Tefé a 1ª sede dos jogos estudantis do médio Amazonas, coroada com êxito.

Anualmente participava ativamente dos encontros dos diretores de Unidade Educacional do interior, onde eram estudados e resolvidos os problemas. Foi condecorada pelo Conselho Estadual de Educação como a melhor diretora do interior e, assim também, recebeu a medalha “Prof. Fueth Paulo Mourão”, no dia 15 de outubro de 1985, como reconhecimento e dedicação ao Magistério e à causa da Educação e do Ensino, motivo de orgulho para os tefeenses e marco da educação de Tefé.

Entre as muitas participações em eventos da educação que ela participou, diz que o mais importante e significativo foi sua ida a Brasília, ocasião em que a Liga da Defesa Nacional, como incentivo ao patriotismo, reuniu os alunos do 2º grau de cada Unidade Educacional que tivesse as melhores notas. Por sua vez, ela viajou de Tefé, como representante do médio Solimões, levando a aluna vencedora Rita Mouzinho Terdulino, do curso do Magistério. Em Manaus juntou-se ao grande grupo e logo foi escolhida pela coordenadora do evento Dra. Ignez de Vasconcelos Dias, para coordenar o grupo masculino do Amazonas. Em meio a programação de passagem do comando militar do Amazonas, os participantes tiveram o privilégio de assistir a posse do Presidente da República, o general João Baptista de Figueiredo, eleito pelo colégio eleitoral de 15 de outubro de 1978.

Instalou em Tefé o Setor de Pessoal, levando o profissional Mário Jorge Matos Fonseca para a chefia do setor. Esse profissional até hoje presta relevantes serviços aquele setor. Lá deixaram relevantes trabalhos Nazaré Lemos de Souza e Raimunda Barros Assunção.

Depois de 12 anos à frente da Unidade Educacional, a Professora Virgilina foi injustiçada pelo então prefeito da cidade, José Antônio Inácio, que pediu o cargo, mobilizando todos os professores para a escolha de nova diretora, a professora Elizabeth Lima da Gama.

Desde então, a política vem influenciando na escolha do cargo de diretora da Unidade. Foi difícil atender a política do prefeito e, por isso, a professora Elizabeth afastou-se e indicou a professora Renilde de Castro Queiroz para substituí-la. Esta logo teve total apoio das autoridades e dos professores. Começou seu trabalho atendendo às linhas de trabalho da Secretaria de Educação, fazendo lotação dos professores nas respectivas escolas, assim como o trabalho de planejamento de ensino para o ano em curso. Quando tudo se encaminhava na paz e no trabalho sério, a professora Renilde viajou para a capital, a fim de agilizar os processos de contratação de professores e administrativos, assim como reivindicar cursos de capacitação para professores, aquisição de material escolar e reforma de algumas escolas. Já estava quase entrando no gabinete do Secretário de Educação, Renilde foi surpreendida com a presença do prefeito José Antônio Inácio que saía do gabinete do Secretário, onde fora pedir a nomeação de outra Diretora para aquela Unidade Educacional.

Infelizmente a política atrapalha as pessoas que querem fazer um bom trabalho, criando clima de inimizades, quando no interior todos se conhecem e são amigos.

RAIMUNDA GIL SCHAEKEN – (Tefeense, professora aposentada, católica praticante, membro efetivo da Associação dos Escritores do Amazonas –ASSEAM e da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas – ALCEAR)

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