Lula e Bolsonaro são esperanças e decepções – por Carlos Santiago

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado

A polarização eleitoral de 2022 entre Lula e Jair Bolsonaro está nas ruas, dentro das casas, nas manchetes jornalísticas, nas passeatas, na mesa dos grandes capitalistas do país, nos sindicatos, nos bares, nas igrejas, nos quartéis e na cabeça da maioria dos brasileiros, independentemente de classe social. O presidente e o ex-presidente já embalaram o povo com esperanças e decepções.


O ex-presidente Lula e Jair Bolsonaro se apresentam ao eleitorado com posturas diferentes e antagônicas. O primeiro considera-se progressista nos costumes e keynesiano na formulação da política econômica. O segundo se diz conservador nos costumes e liberal na economia.

Lula foi revelado líder político a partir de sua militância no movimento sindical de trabalhadores do ABC paulista, durante o Regime Militar; Bolsonaro cresceu na política como líder de militares que reivindicavam melhorias salariais e um ambiente de trabalho suportável.

Bolsonaro foi deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro, por várias legislaturas, por diversos partidos, mas sempre com postura e atitudes polêmicas; Lula da Silva foi fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) e deputado federal, uma única vez, pelo Estado de São Paulo, com participação também polêmica na Constituinte de 1987. Tanto o petista quanto Bolsonaro nunca acreditaram no parlamento como meio para seus objetivos de chegar à presidência da República.

Lula foi perseguido político da Ditadura Militar. Nunca fez elogios aos mecanismos utilizados pelo regime para se manter no poder e eliminar os seus adversários; Bolsonaro fez críticas aos comandantes militares, mas sempre tratou o Regime Militar como um bom modelo de gestão e de tratamento adequado aos adversários políticos.

O ex-presidente disputou várias eleições como o candidato antissistema. Era o grande diferencial da política, líder das mudanças sociais e dos costumes da política no Brasil, um porta voz de uma ruptura com a velha política e com o modelo econômico de exclusão e pela defesa da ética na administração pública; Bolsonaro foi eleito com um discurso de antissistema, fim da velha política, combate à corrupção, defensor de uma economia liberal e de um estado menos burocrático.

A popularidade dos dois possibilitou a entrada de muitas pessoas na vida política, pessoas estas que não tinham oportunidades de ingressar nos parlamentos e nos governos. Sindicalistas, militares, delegados de polícia, indígenas, Youtubers, mulheres e desconhecidos sem nenhuma experiência de gestão pública, dentre outros.

Tanto Bolsonaro quanto Lula chegaram à presidência da República. Mas os dois não romperam com a velha política, o país continuou ainda mais refém dos velhos hábitos do fatiamento da máquina pública, os escândalos de corrupção ocuparam as manchetes dos jornais, os banqueiros ficaram mais bilionários e a desigualdade social continuou enorme. Embora os governos lulistas tenham diminuído a pobreza no país.

Agora, Lula e Bolsonaro têm um encontro marcado em 2022. Ambos continuam encantando milhões de eleitores, usam de uma comunicação direta com o povo. E ainda são duas grandes esperanças da sociedade e do povo brasileiro, mas, também, duas grandes decepções geradoras de uma polarização desvairada que mexe com os corações e mentes do povo.

Nas eleições à presidência, o tamanho das decepções e das esperanças em Lula e Bolsonaro pode ditar o diferencial que levará um deles à vitória eleitoral no próximo ano.

Carlos Santiago é Sociólogo, Analista Político e Advogado.

Artigo anteriorPedreiro é encontrado morto por amigos dentro de sua residência
Próximo artigoCarro capota no Lírio do Vale sem vítima lesionada

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui