Mortes de botos indicam agravamento da crise climática

Retirada de boto sem vida às margens do Rio Tefé - AM - Foto: Miguel Monteiro

Com a seca mais severa este ano no Amazonas, mais de cem botos vermelhos e tucuxis apareceram mortos no lago Tefé (AM) e nas proximidades desde o último sábado, 23. A situação tende a se agravar na estiagem.


Além dos botos e peixes que sofrem com a falta de oxigênio e acabam morrendo, a situação afeta diretamente os pescadores e quem sobrevive de toda a dinâmica do rio. Em Tefé, o Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá corre contra o tempo para resgatar animais (botos e tucuxis) que ainda permanecem em poças rasas e de águas quentes para transferi-los para outros locais que ainda mantêm água fresca e profundidade mínima para manter os animais vivos.

Equipes e voluntários com experiência em resgate de fauna estão se unindo à ação emergencial, porém o difícil acesso à cidade de Tefé faz com que a ação seja mais lenta que o desejado.

O tradicional período de estiagem que tem seu ápice em outubro, já está afetando 59 municípios com a redução do nível de água em seus rios, impactando a navegabilidade e consequentemente questões de logística e insegurança para a coleta e consumo de peixes. É esperado que a situação se agrave nos próximos 15 dias com a forte seca e acometa outras regiões do médio Solimões resultando em mais mortes de botos e tucuxis em zonas sem equipes disponíveis para resgate. Isso faz com que o evento tome proporções ainda maiores e mais impactantes em um dos locais de maior densidade e abundância de golfinhos de rio da América do Sul.

Segundo o IPCC, entre 1970 e 2019, 7% de todos os desastres em nível mundial estiveram relacionados com secas, contribuindo com 34% das mortes relacionadas com catástrofes. Mas, além das vidas perdidas, pode-se dizer que a água é a principal vítima da mudança do clima. Em apenas três décadas, o Brasil já perdeu o equivalente a 10 cidades de São Paulo em superfície de água. Na última década, os nove países com floresta amazônica em seu território perderam 1 milhão de hectares de superfície de água, o equivalente a seis cidades de São Paulo em área hídrica, segundo o Mapbiomas.

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