O caos em que se transformou o ‘dramático’ trânsito de Manaus

Trânsito caótico de Manaus/Foto: Arquivo

Trânsito caótico de Manaus/Foto: Arquivo


O ano novo chegou trazendo novas esperanças para a resolução de velhos problemas que, infelizmente, não foram dissolvidos em 2013 e, dentre as pendências, está o trânsito de Manaus que agoniza.

Com o planejamento urbano sempre sob promessa, a cidade vem mostrando toda sua fragilidade, com retenções insuportáveis em quaisquer de suas vias, problemas nos sinaleiros, fiscalização insuficiente, asfalto péssimo, ruas esburacadas, desrespeito ao Código do Trânsito, transportes clandestinos, invasão de calçadas, motoqueiros audaciosos, acidentes de trânsito com mortes, são alguns dos problemas enfrentados no dia-dia do manauara.

Quem não lembra da Manaus de 1892, quando o então governador Eduardo Gonçalves Ribeiro iniciou o processo de transformação da cidade através da elaboração e execução de um plano para coordenar o seu crescimento. Nessa fase econômica, conhecida como a fase áurea da borracha (1890-1910), Manaós ganhou o serviço de transporte coletivo de bondes elétricos, telefonia, eletricidade e água encanada, além de um porto flutuante, que passou a receber navios dos mais variados calados e de diversas bandeiras.

Na metade da fase áurea (1910), a metrópole da borracha entrou no século XX traçada a partir de uma concepção urbanística altamente positivista, com grandes avenidas, ruas largas e quarteirões simétricos, preparadas para traduzir e fomentar a “ordem e progresso”, que era o lema da época. Valia a pena caminhar por calçadas largas e límpidas de granito e pedras de liós importadas de Portugal; as praças e jardins com suas belas fontes e monumentos históricos, eram bem conservados por zelosos jardineiros e cuidadores; o suntuoso Teatro Amazonas, hotéis de luxo, cassinos, estabelecimentos bancários, palácios, palacetes e todos os requintes de uma cidade moderna no meio da selva.

Manaus ficou conhecida como a Paris das Selvas, porque teve um gestor de visão futurista, interessado no seu crescimento e via a transformação da cidade com os requintes de uma cidade européia moderna. O tempo foi passando e, nos dias de hoje a cidade de Manaus parece que não evoluiu, porque exibe toda uma diversidade de problemas sociais praticamente insolúveis a partir da gestão Amazonino Mendes (1983/1986).

Os recentes incentivos fiscais ao setor de 4 rodas facilitaram a compra do carro novo e Manaus ficou entupida de novos veículos, mas a visão canhestra de seus governantes transformou o transporte público e o trânsito no maior gargalo na cidade.

O prefeito Arthur Neto (PSDB) garante que a expansão da frota é o principal problema que acabou saturando as vias principais. Nos últimos 28 anos nada ou pouco se fez para trabalhar a mobilidade urbana de Manaus, que dobrou sua população e nunca planejou a malha viária. Durante esse período foram construídas apenas duas grandes avenidas: a das Tôrres e a Noel Nutels. Caminhar pelos restos das belas calçadas límpidas de Manaus é coisa do passado, elas ainda existem, mas todas depredadas pela ocupação por camelôs, daí a exigir atenção dos pedestres para com os buracos e rachaduras. É comum ver veículos estacionados nas calçadas de granito e pedras de liós ou então servindo de atalho para os inconvenientes motoqueiros.

O ex-prefeito Amazonino Mendes (2009/2012), que deveria ter iniciado as obras de preparação da cidade para a Copa do Mundo deste ano deixou de fazê-lo, preferiu o dominó. Quando acordou, já tinham decorridos três anos de mandato, enquanto a cidade de Manaus estava a exigir investimentos na malha viária urbana, para acompanhar o ritmo dos novos veículos. Agora, as esperanças recaem sobre Arthur Neto, que já garantiu que vai trabalhar o plano da Política Nacional de Mobilidade Urbana, exigido pelo governo federal; vai priorizar novas obras viárias, inclusive as ciclovias e o transporte público, que terá um só corredor de ônibus na cidade.

A questão da locomoção é fundamental numa cidade grande, pois influi em vários aspectos da vida social (cultura, lazer, economia e política). Portanto, urge a imediata ação do poder público para tirar o sistema de transporte público e o trânsito do caos, dando um basta nesse problema que já ultrapassou os limites de saturação. (Garcia Neto)

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