PepsiCo é a primeira fabrica a deixar o Polo Industrial de Manaus

Fabrica Pepsi-Cola/Foto: Divulgação

PepsiCo, uma das maiores empresas no ramo de bebidas do Brasil, vai deixar o Polo Industrial de Manaus (PIM). A decisão foi confirmada ontem pela assessoria da empresa em nota enviada ao A CRÍTICA.


A saída da fábrica já era especulada desde que um decreto assinado pelo presidente Michel Temer, em maio, reduziu a alíquota de 20% para 4% do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) do polo de concentrados, gerando desconforto entre os empresários do setor. À época, a Federação das Indústrias calculou que as companhias de concentrados de refrigerantes teriam, em média, prejuízos de R$ 6 bilhões por ano com a redução dos incentivos.

Em nota enviada à reportagem, a PepsiCo diz que tomou a decisão de fechar a unidade em Manaus com o objetivo de administrar eficientemente as operações em todo o Brasil e posicionar a empresa para um crescimento a longo prazo, ressaltando que a decisão não afeta outras operações no país.

“Reconhecemos os impactos pessoais de decisões como esta. Estamos comprometidos a tratar nossos funcionários afetados com dignidade, respeito e apoio, e estamos oferecendo um pacote de indenização competitivo, além do suporte à recolocação”, diz trecho da nota.

A empresa não se manifestou sobre a motivação da saída do PIM, se vai abrir uma nova unidade em outra cidade, nem a quantidade de pessoas que fazia parte do quadro de funcionários atualmente.

A informação de alguns colaboradores, que decidiram não se identificar por medo de retaliação, aponta que foram comunicados que as atividades seriam encerradas na sexta-feira (30) e que não precisariam retornar nesta segunda-feira (3).

Fabrica Pepsi-Cola/Foto: Divulgação

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, atribui a saída da Pepsi da Zona Franca de Manaus (ZFM) à redução de incentivos assinada pelo atual presidente, mas disse acreditar que, por enquanto, outras empresas do setor não tomarão a mesma decisão.

“Nós, da Federação da Indústria, ainda não fomos comunicados oficialmente, e por enquanto não passa de especulação. Na segunda-feira nós vamos em busca disso. Mas assim, isso tudo é por causa daquela medida assinada pelo presidente para reduzir a alíquota. A gente luta tanto aqui e vem esse decreto”, reclama Silva.

Quando o atual presidente baixou as alíquotas, eu e outros colegas economistas tínhamos falado que teria um impacto muito grande. Primeiro no setor de concentrados, porque diminui a vantagem comparativa (…), aí devido à logística, com certeza teriam empresas indo para outro lugar, e agora se confirma já com uma das grandes marcas decidindo sair daqui.

Isso é um prejuízo muito grande para o nosso Estado porque se outras medidas semelhantes forem tomadas no novo governo, nós vamos começar a esvaziar a Zona Franca.

Como parlamentar, a gente primeiro tem que denunciar essa situação porque é como se o Amazonas não fosse Brasil e nós dependemos desse projeto econômico que é a Zona Franca. (…) O Amazonas desenvolveu muito nos últimos anos, mas se perdermos fábricas, arrecadação, teremos um impacto direto nos investimentos sociais, de infraestrutura, no futuro do nosso Estado.

Perda de postos de trabalho no PIM

O setor de bebidas no Estado do Amazonas contava com 2.813 trabalhadores diretos até setembro, segundo os indicadores do Polo Industrial de Manaus (PIM), divulgados pela Superintendência da Zona Franca (Suframa).

No ano passado, o setor tinha a mão-de-obra de 2.342 trabalhadores, um acréscimo de 321 postos de emprego no PIM, se comparado ao ano de 2016, o que equivale a um aumento de 15,88%.

Com a saída da PepsiCo, não fica claro a quantidade de postos de trabalhos fechados, uma vez que a empresa não disponibilizou o número de funcionários que atuavam na capital amazonense.

No site oficial da companhia de bebidas, a informação é de que possui 15 fábricas espalhadas pelo Brasil e com a produção de nove itens de bebidas, 17 de snacks, cinco de cookies e biscoitos e quatro de nutrição.

O setor alcançou uma produção de 44,4 mil toneladas de concentrados para produção de bebidas não-alcoólicas, de janeiro a setembro deste ano, de acordo com a Suframa.

A reportagem procurou o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Bebidas de Manaus (Stibam) para um posicionamento, mas sem sucesso.

Destaca-se que há décadas, aos poucos, a Zona Franca de Manaus vem sendo minada. Praticamente o comércio de produtos importados e agricultura são mínimos hoje, e o polo industrial, sem os incentivos e outras políticas próprias do modelo tem dificuldades para suplantar o “Custo Brasil”, que aqui chamo de “Custo Amazônia” por suas peculiaridades. E desde maio a situação tem ficado crítica, pois o polo de concentrado depois da política do atual governo (…), corre o risco de perder empresas, com graves implicações para os trabalhadores, economia do Estado e arrecadação de tributos.

Assim, analisando-se este cenário e olhando para o longo prazo, considero de grande importância o planejamento governamental para o estado do Amazonas. Planejamento este, baseado em políticas de integração entre a capital e o interior, e desenvolvimento da logística e infraestrutura socioeconômica que são muito precárias nos municípios. Também, precisa-se diversificar a atividade produtiva, fortalecer o empreendorismo e qualificar a mão-de-obra.

Fonte: Portal acrítica

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