A sucessão no Amazonas e a Lava-Jato – Por Paulo Figueiredo

Advogado Paulo Figueiredo (AM)

Que ninguém se iluda que a sucessão no Amazonas, com a cassação do mandato de José Melo, será marcada pela Lava-Jato. Quem estiver envolvido ou sendo investigado não escapará dos tentáculos da operação de Curitiba e de seus graves efeitos políticos, certamente irremediáveis.
A população saberá identificar quem não haverá de merecer o voto popular, uma vez engolfado até o pescoço nas investigações sobre a corrupção que toma conta do país.


No Amazonas temos obras grandiosas e bilionárias sob graves suspeições e em processos acelerados de apuração das responsabilidades de empreiteiras, diretores e ex-dirigentes de empresas, de políticos e outros agentes públicos.

Advogado Paulo Figueiredo (AM)

Há um mar de lama bem maior do que o Rio Negro, sobre o qual foi edificada a famosa ponte, que liga nada a coisa nenhuma e que custou uma fortuna aos cofres públicos no pagamento de propinas fantásticas. O projeto foi implantado pela Camargo Corrêa, com a participação de subempreiteiras satélites, em cujas veias escorreram muitos milhões de reais pagos em esquemas de corrupção envolvendo os mais elevados escalões do poder no Estado. E os diretores da empreiteira receberam orientação da direção maior da empresa no sentido de falar a verdade inteira, em todos os seus aspectos e contornos, sem omitir a participação de ninguém ou qualquer detalhe da relação espúria e criminosa mantida com políticos e empresários no Amazonas.

A mesma situação ocorre em relação ao Prosamim – Programa de Saneamento dos Igarapés de Manaus, um projeto equivocado e desastroso, fruto de empréstimos externos de cerca de 800 milhões de dólares, junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento, a cargo da Andrade Gutierrez, que azeitou os bolsos de corruptos locais, encastelados no centro do poder, com muitos milhões de dólares.

Também não fica atrás a mastodôntica Arena da Amazônia, de igual modo construída pela Andrade Gutierrez, mais um escândalo de grandes proporções, com contratos e aditivos suspeitos de milhões de reais, sem o menor sentido, celebrados ao arrepio da lei, verdadeiro elefante branco, que vive aí às moscas, diante da falência histórica do futebol amazonense.

Os fatos crepitavam com reduzida exposição na mídia nacional, com uma ou outra exceção, em jornais televisivos, que logo caíam no esquecimento ou eram suplantados por fatos novos. Agora, com a eleição suplementar para o governo do Estado, a ser marcada para os próximos meses, é evidente que os grandes órgãos de comunicação e imprensa do país se voltarão para o Amazonas, na divulgação de todos os acontecimentos que possam envolver o pleito.

É claro que a nova eleição abortará no bojo do processo eleitoral, com a exibição de vídeos e outros documentos, a questão da corrupção e dos criminosos implicados na Lava-Jato, que já respondem a inquéritos perante a Polícia Federal, com depoimentos já prestados. O que vinha em banho-maria, agora, seguramente, explodirá nas manchetes da grande imprensa nacional. Entre mortos e feridos, poucos escaparão ou ninguém escapará, uma vez que o quadro alcança dimensões extraordinárias, com esquemas de corrupção de fazer inveja aos maiores ladrões da República.

O Amazonas, que já vinha experimentando crise profunda nas finanças públicas, com a administração próxima do caos, haverá de experimentar situação ainda bem mais dramática, com a disputa servindo de pano de fundo para expor as vísceras apodrecidas dos mais negros sistemas de corrupção implantados na história do Estado.

Bem, quando falta siso ou juízo, a casa cai, e quem for podre que se quebre. Valerá a pena acompanhar a tragédia.(Paulo Figueiredo é Advogado, Escritor e Comentarista Polí[email protected])

Artigo anteriorMoro decide hoje (09) se aceita pedido para adiar depoimento de Lula
Próximo artigoComissão da Câmara vota hoje (09) destaques da Reforma da Previdência

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui