A verdade – por Flávio Lauria

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Professor Universitário

O tempo conduz a verdade pela mão, diziam os romanos. O que é a verdade, perguntou Pilatos a Jesus quando o Rabi lhe disse sou a verdade e a vida. Filha do tempo, tem recebido ao longo dos anos grande vassalagem, apesar de encontrar-se em terreno muito próximo à falsidade, com limites às vezes imperceptíveis e imprecisos. Dos evangelistas mereceu especiais referências. Lucas (8,17): não há coisa oculta que não acabe por se manifestar, nem verdade que não venha a ser descoberta, conceito repetido no capítulo 12, versículo 2. Pela mesma forma Mateus (10,26): nada há de escondido que não venha à luz, nada de secreto que não se venha a saber.


Nos Brasil, anos recentes, a verdade tem sido maltratada e vilipendiada. É vítima de deformações ostensivas ou sub-reptícias, manipulada ao sabor de interesses políticos ou ideológicos, quando não a serviço dos poderosos do dia ou filha espúria do poder econômico. As ações armadas da esquerda brasileira não devem ser mitificadas. Nem para um lado nem para o outro.

Não compartilho a lenda de que, no fim dos anos 60 e no início dos 70, nós fomos o braço armado de uma resistência democrática. Acho isso um mito surgido durante a campanha da anistia. E, de suas palavras, brota a verdade inconsútil: Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o projeto das organizações de esquerda que defendiam a luta armada era revolucionário, ofensivo e ditatorial. Pretendia-se implantar uma ditadura revolucionária. E ainda, cada vez mais explícito. Não existe um só documento dessas organizações em que elas se apresentassem como instrumento de resistência democrática.

Flávio Lauria é Administrador de Empresas e Consultor.

Assinala ainda que nenhuma delas defendia o terror indiscriminado ou ações que pudessem matar pessoas. A força da verdade desse depoimento faz cair a máscara de muitos pretendentes a líderes democratas que usam e abusam das falsidades históricas para colocar sobre suas cabeças a imaculada coroa da verdadeira democracia. Tomara não recaiam na síndrome do escorpião se lhes for dada oportunidade, principalmente aqueles que desconhecem a fatalidade de incorrerem nos mesmos equívocos por não terem aprendido a lição da história.

Outra verdade que salta aos olhos, uma decorrência da desassisada atitude de muitos parlamentares e políticos, é a que exprime a total falência dos partidos brasileiros, mera estação de embarque e desembarque de passageiros com muito mais sede de glória do que de virtudes. É triste e vergonhoso o espetáculo que os parlamentares oferecem ao Brasil, essa revoada insana em busca de vantagens fisiológicas ou de um pouco que lhes traga mais vantagens no momento da disputa eleitoral ou a garantia de rendosa sinecura. São eles oportunistas, indignos de merecerem o voto e a confiança do povo. Eis a verdade, com toda sua poderosa e mágica força.

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