Como é a vida de quem não consegue sentir cheiros

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Todos nós temos cheiros favoritos — talvez um que esteja ligado a uma memória de infância ou a uma pessoa, ou o cheiro de uma comida da qual gostamos muito.


Mas a britânica Gabriella Sanders nunca teve esse prazer, pois não é capaz de usar o olfato — e o problema não afeta apenas seu nariz.

“Eu não identifico o gosto da comida. Não consigo sentir nada que seja doce ou apimentado”, diz a jovem de 21 anos ao programa Newsbeat, da rádio da BBC.

Cerca de 5% da população sofre do mesmo transtorno que ela, o transtorno do olfato.

Mas não ter o sentido do olfato pode ter diferentes tipos de impacto, práticos e emocionais, na vida de alguém, segundo um novo estudo da Universidade de East Anglia (UEA).

Os problemas vão desde medos na infância a um sentimento de fracasso durante a vida adulta, passando por inseguranças na adolescência.

“Eu nunca foi capaz de sentir nenhum cheiro”, diz Gabriella. “É estranho porque ninguém mais na minha família tem ou já teve isso. Mas eu e minha irmã temos (o problema), então deve ser algo genético.”

Como alguém percebe que não é capaz de sentir cheiros?

Gabriella se lembra de se sentir excluída em uma atividade na escola quando era pequena.

“Era sobre os sentidos e todo mundo estava falando sobre cheiros. Então eu percebi que não tinha olfato. Todo mundo estava dando exemplos, mas eu não tinha ideia do que estava acontecendo.”

A condição causou problemas na infância da jovem.

“Eu tinha um medo enorme de fogo. Tinha essa grande ansiedade de que eu não acordaria se a casa estivesse pegando fogo porque não seria capaz de sentir o cheiro”, diz ela.

“Foi algo que definitivamente me afetou quando eu era mais nova, mas eu conseguir superar.”

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Problemas reais

O medo de Gabriella não era infundado. Não ser capaz de sentir cheiro de gás ou de fumaça é um grande problema que já teve como resultado situações perigosas para algumas pessoas, segundo o professor Carl Philpott, um dos pesquisadores do estudo da UEA.

Gabriella sabe como é isso. “Me lembro de uma vez que estava cozinhando e, quando minha mãe chegou, ela percebeu que a casa toda estava cheirando a gás. Então foi algo bem preocupante”, diz ela.

A pesquisa também revela que a questão da higiene pessoal também é uma grande causa de “ansiedade e vergonha” para quem não sente cheiro, pois elas não conseguem sentir seus próprios odores.

Durante a adolescência, Gabriella encontrou uma solução para o seu caso.

“Meus pais e eu criamos códigos com palavras-chave. Então, se eu estivesse cheirando mal na frente de alguém, eles falavam as palavras e eu podia ir resolver o problema.”

Hoje, Gabriella é dançarina, o que é um estilo de vida obviamente muito ativo.

“Eu nunca tive nenhum perfume, nunca gostei de flores ou usei sais de banho”, diz ela. “Mas preciso usar desodorante porque eu danço, mesmo que eu não sinta o cheiro.”

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Ser sincera com as pessoas

Gabriella diz, embora seja estranho falar sobre isso, que não ser capaz de sentir cheiro não é algo que deve causar vergonha.

“Eu acho que ser sincera com seus amigos e com as pessoas ao seu redor é importante, como dizer que as pessoas podem ficar à vontade para te dizer se você estiver cheirando mal”, diz ela.

“Eu sempre fiz questão de dizer que não sou capaz de sentir cheiros, e que não vou ficar ofendida se me disserem que há algum cheiro ruim no ar. Eu prefiro isso a criar uma situação desagradável para todo mundo.”

Ela diz que sentir cheiro não é algo que ela de fato precise, porque ela nunca teve essa habilidade e não tem noção do que está perdendo.

“Mas eu adoraria ter essa experiência — e aquela sensação de estar ‘provando’ as coisas.”

Fonte: BBC

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