Venezuela critica Brasil por analisar pedido de refúgio de militares desertores

Foto: ZURIMAR CAMPOS / AFP

O chanceler do regime de Nicolás Maduro, Jorge Arreaza, publicou um comunicado neste domingo em que critica o Brasil por analisar o pedido de refúgio de cinco militares venezuelanos acusados de participar do ataque a um quartel das Forças Armadas no município de Gran Sabana, no estado de Bolívar, vizinho a Roraima. O comunicado, no qual os militares são chamados de terroristas, é o mais recente episódio de uma troca de acusações entre Brasília e Caracas em relação ao caso, que já dura mais de uma semana.


Maduro afirmou que o grupo, detido no Brasil na última quinta-feira, conduziu a ação contra a unidade castrense, ocorrida em 22 de dezembro e na qual um militar foi morto. Em discurso no sábado em uma cerimônia militar, ele afirmou, sem apresentar provas, que um lote de armas roubadas estaria em território brasileiro e chamou o incidente de “ataque terrorista”.

Ainda no sábado, horas depois de Caracas informar que ativara “os procedimentos diplomáticos necessários para solicitar e facilitar a entrega deste grupo de cidadãos (…) para prestar contas”, o Itamaraty informou, em nota, que os militares pediriam refúgio no Brasil.

“Os cinco militares venezuelanos localizados em território brasileiro (…) durante patrulhamento de rotina na fronteira foram recebidos neste sábado [28 de dezembro] pela Força Tarefa Logística Humanitária Operação Acolhida, onde iniciarão os procedimentos para a solicitação de refúgio no Brasil, a exemplo de outros militares venezuelanos em situação similar”, disse o texto divulgado pela Chancelaria brasileira.

Arreaza denunciou na medida uma “insólita decisão que confirma o padrão de proteção e cumplicidade dos governos satélites dos Estados Unidos para agredir a paz da Venezuela através de mercenários que confessaram seus crimes”.

O texto do venezuelano acrescenta que, “ao outorgar refúgio com base em pressupostos não contemplados nas convenções internacionais correspondentes”, o Brasil “não apenas viola o direito internacional humanitário, mas estabelece perigosos precedentes de proteção a pessoas que cometeram delitos flagrantes contra a paz e a estabilidade de outro Estado”.

Foto: ZURIMAR CAMPOS / AFP

“Caberia perguntar às autoridades políticas e militares do Brasil qual seria a sua reação se a Venezuela desse proteção jurídica a desertores de seu Exército, fugindo de um ataque às instalações militares brasileiras”, acrescenta o comunicado.

De acordo com Maduro, mais três supostos responsáveis pelo ataque foram presos nos últimos dias, somando-se a 11 suspeitos detidos anteriormente, e foram recuperados 111 de 120 fuzis roubados, assim como oito lança-granadas e mísseis antiaéreos.
Suposta colaboração

Logo após o ataque ao quartel, o ministro venezuelano de Comunicação, Jorge Rodríguez, disse, também sem provas, que os invasores “receberam a colaboração do governo de Jair Bolsonaro”. O grupo também teria, segundo ele, recebido o apoio de indígenas. Além disso, o governo venezuelano afirmou que os invasores foram treinados em “acampamentos paramilitares plenamente identificados na Colômbia”.

No dia 24, o governo brasileiro informou que iria ignorar qualquer pedido do regime de Maduro no caso. Em nota, o Itamaraty disse que o Brasil não tem “satisfações a prestar” ao governo venezuelano. “O Brasil não tem quaisquer satisfações a prestar ao regime ilegítimo venezuelano sobre a presença de nacionais venezuelanos em território nacional”, disse o ministério, acrescentando que “não tem qualquer participação nas ações em questão”.

Na sexta-feira, dia 27, o governo brasileiro confirmou que os cinco militares venezuelanos haviam sido localizados no dia anterior em uma reserva indígena em São Marcos, um vasto território no norte de Roraima. Em nota, o governo afirmou que os estrangeiros foram encontrados por unidades do Exército durante “missão de reconhecimento e patrulhamento nas áreas de fronteira”.

Fonte: O Globo

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